quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Crack avança nos canaviais do interior de SP


 O crack deixou de ser um problema apenas dos grandes centros urbanos do país e adentrou os canaviais do interior paulista. Na região de Ribeirão Preto, cuja produção agrícola tem a cana-de-açúcar como produto predominante, 22 municípios têm alto índice de consumo da droga, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Na cidade de Guariba, os dados do Observatório do Crack da CNM são confirmados pelo coordenador da Pastoral do Migrante, o padre Antônio Garcia. Ele afirma que as árduas condições de trabalho nas plantações e a solidão enfrentadas pelos cortadores de cana que vêm de outros estados para o período da safra facilitam a ação dos traficantes.
“O migrante vem pra cá desprotegido. Ele não tem a quem recorrer. Ouvem falar que quem consome a droga fica mais corajoso, mais forte, aguenta tudo, consegue ficar até dezesseis horas no corte de cana”, analisou Garcia.
Relatos de trabalhadores rurais ao Jornal da EPTV fortalecem a constatação: o vício surge como uma tentativa de aumentar o desempenho nos canaviais. “Querer crescer em serviço, produzir mais. Se você não atingir as tantas toneladas, com três meses é dispensado”, disse um dos agricultores ouvidos pela reportagem.
Marco Antônio Teodoro, coordenador de uma clínica para dependentes químicos em Ituverava, afirma que, após o tratamento, o afastamento da atividade na roça de cana é necessário para evitar recaídas. “Estamos tentando tratar a doença e fornecer ao menos uma diretriz para que a pessoa tenha condição de se encaixar no mercado de trabalho. Talvez, o antigo mercado de trabalho seja um motivo para a recaída, mas oferecendo uma nova opção, ela fique mais tempo limpa, ou seja, sem usar”.
Polícia
G1 tentou confirmar com a Delegacia Seccional de Ribeirão Preto se há investigações sobre a ação de traficantes nas áreas rurais da região. Até as 17h10 desta quarta-feira (22) não houve resposta.
 

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